...“Sexo é um intercâmbio de líquidos, de fluidos, de saliva, hálito e cheiros fortes, urina, sêmen, merda, suor, micróbios, bactérias. Ou não é. Se é só ternura e espiritualidade etérea, se reduz a uma paródia estéril do que poderia ser. Nada!!” Pedro Juan Gutierrez - Trilogia Suja de Havana

11.3.23

OS "CATECISMOS" DE ZÉFIRO


Me lembro dos “Catecismos” do Zéfiro*, revistinhas eróticas, desenhadas a mão e proibidas para menores. Elas ficavam escondidas, atrás de outras revistas, em locais inacessível e fora da visão dos clientes das bancas de jornais e revistas. 

Para comprá-las, eu me dirigia à banca do seu Zé, permanecia por longos minutos simulando interesse pelo que via nas prateleiras. Como disfarce, comprava o último número do gibi do Batman que servia para esconder o meu verdadeiro objetivo - o "Catecismo do Zéfiro". 

Produzidos em um período de pouca liberdade sexual, essas revistinhas de quadrinhos eróticos, tinham o tamanho de ¼ de ofício e aproximadamente 30 páginas, títulos curtos, geralmente nomes de mulheres e histórias de muita putaria com começo, meio e fim. Os “catecismos” povoavam o imaginário erótico da garotada e colaboraram com a educação sexual da geração 1960.



Eram horas trancado no quarto folheando o “catecismo”, apreciando as estórias e figuras de - Minha Tia gostosa, A Empregadinha do Vizinho. Depois de devorá-las e tocar muita punheta, trocava as revistinhas com os amigos.

Com a chegada ao mercado brasileiro das revistas eróticas suecas e dinamarquesas, com fotos coloridas de sexo explícito, os catecismos perderam prestígio e desapareceram. 









*Carlos Zéfiro ou Alcides de Aguiar Caminha (Rio de Janeiro, RJ – 1921 – 1992), produziu seus quadrinhos pornográficos, durante as décadas de 1950 e 1960. Em seus “Catecismos”, como ficaram popularmente conhecidas suas histórias desenhadas a pincel, bico de pena e impressas em branco e preto, Zéfiro narrava situações que sempre culminavam em práticas sexuais explícitas.

Desenhista amador, Zéfiro copiava os seus personagens a partir de revistas eróticas estrangeiras ou fotonovelas. As situações e posições sexuais eram limitadas, mas não impediam o sucesso de suas publicações. Os personagens masculinos não variavam muito na forma ou na personalidade e seguiam sempre o mesmo padrão de comportamento: solteiros ou sozinhos, bonitos, bem-dotados, vaidosos, irresistíveis e sempre vitoriosos em suas investidas sexuais. Já o universo feminino, era mais variado: há virgens, viúvas, desquitadas, solteiras, casadas, ninfomaníacas etc. Porém, um traço em comum as unia: A disposição imediata para o sexo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário aqui. Não publicamos ofensas, manifestações racistas, homofóbicas, nem telefones e Watzapp